Qual a relação do HPV e câncer no trato ano-genital?

Saiba a importância de se vacinar contra esse vírus 
 

30/04/2025

Saúde

Na FAPES, procuramos orientar e promover a prevenção de doenças.
Desta forma, neste artigo trazemos informações importantes sobre o HPV. Boa leitura!


Papilomavirus humano - HPV

O papilomavirus humano (HPV) é um vírus DNA, com mais de 200 sorotipos, sendo que 40 destes causam doenças do trato ano genital.
A transmissão é por via sexual e ocorre a partir do contato com as mucosas do trato genital, anal, pele adjacente, pênis e bolsa escrotal contaminadas. Excepcionalmente, a transmissão ocorre de mãe para filho durante o parto vaginal levando a formação de lesões cutâneo mucosas em recém-nascidos ou papilomatose recorrente de laringe. Acredita-se que em algum momento da vida sexualmente ativa mais de 80% das pessoas serão infectadas pelo vírus e terão reinfecções ao longo da vida. As reinfecções são possíveis porque a ocorrência de um sorotipo não oferece proteção contra outro sorotipo. A maioria das infecções são autolimitadas, assintomáticas e não reconhecidas, porém a infecção pelo HPV é associada ao desenvolvimento de vários tipos de câncer. O tempo médio entre a infecção pelo HPV de alto risco oncogênico e o desenvolvimento de câncer de colo de útero por exemplo é de aproximadamente 20 anos, na dependência da carga viral, da imunidade e de fatores predisponentes como tabagismo, imunossupressão, incluindo a infecção pelo HIV, desnutrição, neoplasias e drogas imunossupressoras. 

Por que eu devo me vacinar para o HPV? 

O HPV é um vírus oncogênico intimamente associado a ocorrência de vários tipos de câncer. Estudos mostram que mais da metade (53,6%) dos homens e mulheres entre 16 e 25 anos no Brasil têm algum tipo de HPV e destes um terço (35,2%) são de alto risco para o desenvolvimento de câncer. O HPV é a causa do câncer de colo do útero em 99,7% dos casos, em 90% do câncer anal, 75% do vulvovaginal, 70% da orofaringe e 60% do pênis. Além das neoplasias, o HPV é também responsável pelas verrugas genitais (condilomas) e pela papilomatose respiratória recorrente. A prevenção da infecção pelo HPV é uma medida fundamental para a redução do risco de desenvolvimento das neoplasias associadas e deve ser amplamente incentivada. Embora o uso do preservativo seja fundamental para evitar diversas infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o vírus HIV, o método não é suficiente para prevenir a transmissão do HPV uma vez que o vírus pode ser encontrado em toda a área genital. Sendo assim, o método mais eficaz de prevenção da infecção pelo HPV é a vacinação a qual demonstrou ser altamente eficaz na redução da incidência das doenças associadas e que oferece imunidade duradoura. 

De acordo com dados do Center for Diseases and Control, cerca de 36.500 casos de cânceres HPV relacionados são prevenidos anualmente entre homens e mulheres e a incidência de condilomas genitais foi reduzida em mais de 80% desde a implantação da vacinação em 2006 nos EUA. 

Qual a vacina devo usar? 

Atualmente no Brasil estão disponíveis duas vacinas contra o HPV: a quadrivalente (HPV4) disponível no SUS desde 2014 e a nonavalente (HPV9), disponível apenas nas clínicas. A vacina preferencial é a HPV9 uma vez que confere proteção aos quatro sorotipos da quadrivalente (6, 11, 16, 18,) e amplia a proteção a outros cinco sorotipos oncogênicos de HPV (31, 33, 45, 52 e 58). Quando comparada a proteção oferecida pela vacina quadrivalente, a vacina nonavalente aumenta cerca de 10 a 20% a proteção contra desenvolvimento das neoplasias relacionadas, conforme segue: • 70% para 90% de proteção para o câncer de colo do útero; • 70-75% para 85-90% de proteção frente a câncer de vulva; • 65% para 80-85% de proteção para câncer de vagina; • 85-90% para 90-95% de proteção para o câncer de ânus; • 75-80% para 85% de proteção para o câncer de pênis; • 85% para >90% para o câncer de orofaringe. 

Vacina HPV Nonavalente (HPV9): É uma vacina inativada, de aplicação intramuscular, composta da proteína L1 do papilomavirus humano dos subtipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 e está recomendada nos indivíduos entre 9 e 45 anos, mesmo naqueles que já foram imunizados anteriormente com a quadrivalente (HPV4) ou que já tiveram história de infecção pelo HPV. A vacina HPV9 é bastante segura sendo contraindicada apenas para gestantes, pessoas com hipersensibilidade conhecida ao princípio ativo e aos excipientes da vacina ou aqueles que já tiveram anafilaxia após tomar uma dose da vacina. Os efeitos colaterais descritos são dor, edema, eritema, prurido e hematoma no local da injeção, cefaleia, febre, náusea, tontura e fadiga.

Os esquemas de vacinação variam conforme a faixa etária, a saber: 
• Crianças e adolescente de 9 a 19 anos: duas doses, com seis meses de intervalo (0-6 meses). 
• Adultos a partir de 20 anos: três doses (0-2-6 meses). Indivíduos que iniciaram a vacinação aos 19 anos, e que poderão ter a 2ª dose aplicada após 20 anos devem receber esquema com duas doses;
 • Imunodeprimidos de 9 a 45 anos: três doses (0-2-6 meses); 
• Papilomatose recorrente de 9 a 45 anos: três doses (0-2-6 meses); 
• Vítimas de violência sexual: esquema recomendado de acordo com a idade. 
Vacina HPV quadrivalente (HPV4): É uma vacina inativada, de aplicação intramuscular, composta da proteína L1 do HPV subtipo 6,11,16,18 e oferece proteção conta câncer de colo do útero, vulva, vagina, ânus e verrugas genitais (condiloma). 

Atualmente, a HPV4 é a vacina disponível no SUS e os esquemas de vacinação recomendados são:
 • Crianças e adolescentes de 9 anos a 14 anos sem imunossupressão: esquema de dose única;
 • Crianças e adolescentes de 15 anos a 19 anos sem imunossupressão e não vacinados: esquema de dose única como resgate de vacinação que não ocorreu na faixa dos 9 aos 14 anos; 
• Pessoas de 9 até 45 anos com imunossupressão (convivendo com HIV/Aids independentemente da contagem de LT-CD4+, pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia; transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea, com imunodeficiência primária ou erro inato da imunidade). O esquema é de três doses (0 – 2 – 6 meses) independentemente da idade. Aqueles com esquemas incompletos deverão completar esquema; 
• Pessoas de 9 a 45 anos vítimas de abuso sexual, não vacinadas ou incompletamente vacinadas: O esquema é de duas doses (0-6 meses) na faixa etária de 9-14 anos e de três doses (0 – 2 – 6 meses) na faixa etária de 15 a 45 anos. Aqueles com esquemas incompletos deverão completar esquema;
 • Pessoas com papilomatose respiratória recorrente (PRR) a partir de 2 anos de idade em esquema de três doses (esquema 0 - 2 – 6 meses); 
• Usuários de profilaxia pé-Exposição (PrEP) para o HIV, entre 15 e 45 anos, não vacinados, o esquema é de três doses (0 – 2 – 6 meses).
Aqueles com esquemas incompletos deverão completar esquema; 

A HPV4 é uma vacina segura, mas contraindicada nas gestantes e em pessoas que apresentaram anafilaxia após receber uma dose da vacina ou a algum de seus componentes. Caso a mulher engravide após a primeira dose da vacina HPV ou receba a vacina inadvertidamente durante a gravidez, a dose subsequente deve ser suspensa e o esquema vacinal retomado após o parto preferencialmente em até 45 dias. Nestes casos nenhuma intervenção adicional é necessária, somente o acompanhamento do pré-natal. Mulheres que estão amamentando podem ser vacinadas com a vacina HPV.

Por:

Dra. Claudia Espanha
Infectologista

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