Epidemia de Obesidade: Um Desafio Global

Da Genética à Mesa: Desvendando as Múltiplas Faces da Obesidade e Suas Estratégias de Controle

Segundo a World Obesity Federation, a prevalência mundial da obesidade mais do que triplicou entre 1975 e 2022. Atualmente, é reconhecida como um dos maiores problemas de saúde pública enfrentados pelo mundo, associada a diversos problemas de saúde, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doença hepática gordurosa, alguns tipos de câncer, bem como várias complicações mecânicas, como osteoartrite e apneia obstrutiva do sono.

Vivemos uma verdadeira epidemia de obesidade. Estima-se que mais de um bilhão de pessoas no mundo vivem atualmente com esta condição, incluindo quase 880 milhões de adultos e 159 milhões de crianças e adolescentes com idades entre 5 e 19 anos. Essas evidências sugerem que a maioria da população mundial reside em países onde o sobrepeso e a obesidade representam um risco maior para a saúde do que o baixo peso.

Fatores Genéticos e Ambientais

Embora a obesidade tenha sido tradicionalmente atribuída ao desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético, sabe-se hoje que há centenas de genes envolvidos na determinação do peso na vida adulta. No entanto, a crescente prevalência dessa doença não pode ser explicada completamente pelos genes e, portanto, é atribuída ao desenvolvimento de estilos de vida e de exposições ambientais que favorecem o acúmulo de gordura corporal. O assim chamado ambiente "obesogênico" afeta principalmente indivíduos com predisposição genética. Os fatores ambientais alteram a expressão dos genes desde a vida intrauterina e a infância, criando marcas permanentes que modificam seu funcionamento ao longo da vida. Esse fenômeno, conhecido como epigenética, pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da obesidade.

Infância e Adolescência

As crianças e os adolescentes com sobrepeso e obesidade tendem a assim permanecer na idade adulta e são mais propensos a desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes precocemente, além de apresentarem comorbidades já na infância, como hipertensão, resistência à insulina, síndrome metabólica, transtornos psiquiátricos e esteato-hepatite. As principais estratégias para controle de peso na infância e adolescência incluem a redução do consumo de bebidas açucaradas e a inclusão de 60 minutos de atividade física diariamente. Além de consequências físicas e metabólicas, a obesidade na infância e na adolescência está associada a problemas emocionais, aumento do estresse e baixa autoestima.

Menopausa e Obesidade

A relação entre menopausa e obesidade é multifatorial. O aumento da gordura corporal durante a menopausa, especialmente na região abdominal, destaca-se como um importante fator de risco para doenças cardiovasculares e outras condições metabólicas nessa fase da vida das mulheres.

Obesidade em Idosos

Em idosos, uma condição cada vez mais comum é a obesidade sarcopênica (OS), que está associada a maior risco de fragilidade e mortalidade. A OS é diagnosticada quando a perda muscular e o ganho de massa gorda coexistem, situação muito comum durante o processo de envelhecimento. Em idosos com obesidade, há evidências de que a restrição calórica isolada (sem atividade física) é particularmente prejudicial pelo potencial desenvolvimento ou agravamento da sarcopenia e risco de fraturas.
É importante compreender que o maior objetivo é o ganho de função física, independência funcional e qualidade de vida. Também é essencial que, no tratamento, haja o consumo de quantidade adequada de cálcio, suplementação de vitamina D e garantia de ingestão proteica mínima para manutenção de massa magra em idosos.

Conclusão

A obesidade é uma doença complexa e multifatorial, resultante da interação entre fatores genéticos e ambientais. As estratégias de prevenção e tratamento devem ser abrangentes, com intervenções no estilo de vida que incluam dieta, exercícios e mudanças comportamentais como pilares fundamentais no seu combate.
Não deixe de verificar seu peso e seu IMC (índice de massa corpórea) regularmente. 

Em caso de dúvidas, conte com o auxílio do seu Enfermeiro de Família via Central de Atendimento FAPES pelo telefone (21) 3820-5454 (digitando, na sequência, as opções 2, 1 e 2). 

Por:
Carolina Cunha
Médica Endocrinologista
Programa Examina

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