29 de September de 2024

A importância do controle do colesterol nas doenças cardiovasculares

Dia 29 de setembro comemora-se o dia do coração, com o intuito de conscientizar a população a respeito dos problemas cardiovasculares.

O colesterol é um tipo de gordura que faz parte de algumas estruturas do nosso organismo, sendo assim fundamental para seu funcionamento adequado. É importante para a formação de hormônios, de vitamina D e até ácidos biliares, que ajudam na digestão das gorduras. O excesso dessas gorduras pode ser prejudicial, principalmente para o sistema cardiovascular, obstruindo as artérias e levando a maior ocorrência de infarto agudo do miocárdio, doença crônica das coronárias e Acidente Vascular Cerebral (AVC). 
O colesterol é transportado no sangue pelas lipoproteínas, sendo as principais formas o LDL colesterol e o HDL colesterol.
 
Os níveis elevados de LDL-colesterol são os prejudiciais ao organismo, pois o LDL colesterol transporta o colesterol para as artérias, que se deposita nas suas paredes, dando início ao processo de formação e acúmulo das placas de gordura. Essas placas vão obstruindo gradualmente as artérias podendo causar infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.

O HDL colesterol traz benefício ao organismo, por isso é chamado de “colesterol bom”. Tem o papel de conduzir o colesterol para fora das artérias. Uma redução das partículas de HDL também está associada a maior risco na formação das placas de gordura nas artérias. 

Os distúrbios relacionados ao colesterol ocorrem por fatores genéticos e alimentares. Cerca de 70% do colesterol no sangue vem do fígado e apenas 30% vêm da alimentação. Depois de passar pela circulação sanguínea, o colesterol precisa ser removido novamente pelo fígado e vai formar a bile. Os níveis de colesterol no sangue dependem, portanto, principalmente da capacidade do fígado em removê-lo, o que pode variar de pessoa para pessoa, considerando a expressão de genes relacionados ao metabolismo.   

CENÁRIO DA DOENÇA NO PAÍS

Pesquisas realizadas no Brasil com o objetivo de detectar a prevalência desse problema e o nível do conhecimento da população acerca do seu risco cardiovascular encontraram os seguintes resultados: 
- A prevalência na população é de cerca de 14%, de acordo com a pesquisa nacional de saúde.  
- Em uma delas, 76% afirmaram saber o que é risco cardiovascular e 57% afirmaram ter conhecimento sobre o próprio risco. 
- Cerca 41% dos que tinham o diagnóstico afirmaram que estavam usando algum medicamento para controlar o colesterol.

PRINCIPAIS CONCLUSÕES

- As pessoas sabem que distúrbios do colesterol são prejudiciais, no entanto não aderem ao tratamento prescrito.
- A compreensão de risco cardiovascular é mais conceitual e genérica do que individualizada.
- Apesar de todo o conhecimento acerca do colesterol e da necessidade de seu controle como forma de prevenção de doenças, o tratamento ainda está muito abaixo do desejado. Menos da metade dos pacientes com prescrição de medicação faz uso desta. Isso tem um impacto muito alto se considerarmos a grande quantidade de pessoas no país com esse diagnóstico, que poderiam ter seu risco reduzido através de uma boa aderência ao tratamento.
- Uma parte da não aderência ao tratamento pode ser explicada pelo fato de o aumento do colesterol não causar sintomas, o que faz com que o paciente não sinta nenhuma diferença com uso de medicação. Realmente, as alterações de colesterol não provocam sintomas. Quando surgem, podem ser indicativos de doenças cardiovasculares já instaladas. 
- Enfim, ainda há muito a ser feito para conscientizar a população sobre a importância do rastreio e tratamento precoce como forma de prevenir doenças cardiovasculares.

CONHECENDO O MEU PERFIL LIPÍDICO 

QUANDO, COMO E POR QUE FAZER O EXAME DE COLESTEROL?

QUANDO E EM QUEM FAZER O EXAME DE COLESTEROL E TRIGLICERÍDEOS? 

A recomendação varia conforme a idade do paciente:
< 2 anos: não fazer. 
2 - 10 anos: em situações especiais, como nas de alto risco, considerando a história familiar. 
> 10 anos: Sim. Todos os adultos e crianças acima de 10 anos devem dosar o colesterol e triglicerídeos, pelo menos uma vez. Se elevados, devem seguir o acompanhamento médico com planejamento de tratamento e monitoramento adequados.  

COMO?
Os exames não precisam mais ser realizados em jejum. Esta é uma importante mudança que visa facilitar a realização do exame. Além disso, também já existe a possibilidade de dosar o colesterol e suas frações no sangue capilar, semelhante a medida da Glicose. 

PARA QUE? 
A próxima etapa é a classificação do risco cardiovascular. Com o resultado do colesterol, associado a outras informações, nós podemos calcular o risco de um indivíduo apresentar algum evento cardiovascular. 
O resultado dessa classificação divide os pacientes em quatro categorias: BAIXO RISCO, RISCO INTERMEDIÁRIO, ALTO RISCO e MUITO ALTO RISCO.
Após a classificação do risco obtém-se uma meta de nível de LDL a ser alcançada. No geral, quanto maior o risco, menor o LDL desejado. Assim será estabelecido um programa individual de tratamento, medicamentoso ou não. 

SOBRE O TRATAMENTO

Redução da mortalidade. O tratamento adequado reduz a mortalidade. A cada 40mg/dL de colesterol LDL reduzido, a mortalidade por infarto se reduz em 20%. 
Preventivo e permanente. O tratamento do colesterol deve ser preventivo e para a vida toda. O objetivo é reduzir o risco. Não adianta tratar por um período e depois abandonar o tratamento. Na verdade, não se busca uma cura e sim um controle, que pode ser feito por medidas de estilo de vida ou medicamentos.
Tratamento não medicamentoso. 

1 - Estilo de vida saudável. O estilo de vida é muito importante na redução do risco de infarto e AVC. Evitar sedentarismo, alimentos com gordura saturada e o tabagismo são medidas importantes a serem seguidas. 
2 - Padrão alimentar. Deve se incentivar a alimentação saudável, junto com a orientação sobre a seleção dos alimentos, o modo de preparo, a quantidade e as possíveis substituições alimentares. 
3 - Individual. O tratamento dietético deve ser individualizado, ou seja, pode variar de paciente para paciente e devem ser considerados os hábitos e restrições alimentares e as preferências do indivíduo, assim como possíveis deficiências nutricionais.

Por:
Dra. Karla Garcia
Médica do Programa Saúde da Família FAPES


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